Se você está planejando visitar Cusco em maio, está prestes a descobrir uma das épocas mais autênticas e culturais do calendário andino com a Machu Picchu Wayna! Este mês é ideal para explorar tanto a cidade quanto seus arredores, pois combina um clima favorável com uma série de festividades tradicionais que refletem o profundo espírito religioso e festivo do povo cusquenho.
Durante o mês de maio, Cusco oferece um equilíbrio perfeito: clima agradável, menos multidões do que em junho e um calendário cheio de celebrações que misturam o catolicismo com tradições andinas. Desde procissões religiosas até peregrinações ancestrais nos Andes, toda semana há algo novo para ver e vivenciar.
A seguir, apresentamos um resumo com as principais datas e eventos em Cusco durante o mês de maio, além de lugares recomendados para visitar e dicas práticas para aproveitar ao máximo sua viagem.
Festividades e eventos em Cusco – Maio
3 de maio – Cruz Velacuy
A Festa da Cruz Velacuy, celebrada todo dia 3 de maio, é uma das tradições mais antigas e representativas dos Andes peruanos. Esta festividade, com forte conteúdo religioso e cultural, presta homenagem às numerosas cruzes localizadas em morros, igrejas e casas da região de Cusco.
De origem colonial e com raízes andinas, a festa combina elementos católicos com crenças ancestrais, sendo um claro exemplo do sincretismo religioso. Antigamente era uma celebração modesta e familiar, mas com o tempo tornou-se uma festividade colorida, popular e urbana, especialmente a partir da segunda metade do século XX.
A celebração começa no dia 2 de maio com a “descida da cruz” até a casa do mayordomo (organizador), onde ocorre uma vigília repleta de música, danças, comidas típicas e rituais comunitários. No dia 3 de maio, o dia principal, a cruz é levada em procissão para receber uma missa festiva, e a festa continua na casa do anfitrião. No dia seguinte, a cruz é despedida com outra missa e devolvida ao seu local original em uma cerimônia animada.
Existem cruzes móveis (que participam das procissões) e fixas (localizadas permanentemente em espaços sagrados). Essa dualidade reflete a riqueza simbólica e a profunda devoção do povo cusquenho.
No entanto, em algumas zonas mais afastadas, o consumo excessivo de álcool pode levar a comportamentos descontrolados. Em casos excepcionais, nasceram crianças sem pai conhecido, chamadas “fiesta wawas”, às quais comumente se atribui o sobrenome “Cruz” ou “Santa Cruz”.
A Cruz Velacuy é uma expressão viva da identidade cultural andina, onde o sagrado e o festivo se entrelaçam em uma celebração vibrante, emotiva e profundamente espiritual.
23 de maio – Senhor de Torrechayoc (Urubamba)
Senhor de Torrechayoc: Tradição viva no coração do Vale Sagrado
Se você está planejando visitar o Vale Sagrado dos Incas em maio, Urubamba espera por você com uma das celebrações religiosas mais autênticas e comoventes do calendário cusquenho: a festividade do Senhor de Torrechayoc.
Essa festa, com raízes profundamente espirituais e populares, combina a fé católica com tradições andinas em uma expressão cultural vibrante, emotiva e profundamente enraizada na comunidade.
O protagonista dessa devoção é uma grande cruz finamente decorada, conhecida por um detalhe especial: seu rosto representando Jesus parece observar todos, não importa o ângulo de onde se olha. Isso gerou um forte vínculo entre o povo e seu padroeiro, considerado milagroso e protetor.
Onde e quando é celebrada?
A festividade ocorre em Urubamba, Cusco, e se estende por mais de um mês, de 27 de abril a 2 de junho. O dia central é 19 de maio, com uma missa especial e uma procissão multitudinária pelas ruas, com música, danças e devoção.
Quais tradições se destacam?
Durante essa celebração única, são realizadas:
- Missas e novenas com grande participação de moradores e visitantes.
- Procissões com andores decorados com flores, frutas e oferendas coloridas.
- Danças típicas como o Qhapaq Chunchu, os Saqras, os Auqas e mais de 30 grupos tradicionais.
- Peregrinações ao local original onde a cruz apareceu (Sicllaccasa).
- Refeições comunitárias, música ao vivo, castelos de fogos de artifício e touradas organizadas pelos mayordomos.
Cada detalhe, desde a decoração até os trajes, reflete uma identidade cultural profunda e festiva, que transforma essa festa em um evento inesquecível para quem a vivencia de perto.
27 de maio – Peregrinação ao Santuário do Senhor de Qoyllurit’i
Você sabia que todos os anos, nas montanhas mais altas de Cusco, celebra-se uma das manifestações culturais mais intensas e comoventes do Peru? É o Senhor de Qoyllur Riti, uma festividade única e ancestral que reúne milhares de peregrinos aos pés do nevado Colque Punko, em Ocongate, a mais de 4.800 metros de altitude.
Essa celebração é uma verdadeira jornada espiritual, onde a devoção religiosa se mistura com a cosmovisão andina, em um ambiente natural majestoso e sagrado.
Onde e quando é celebrada?
O santuário do Senhor de Qoyllur Riti está localizado no glaciar Sinakara, na província de Quispicanchi (Cusco). A peregrinação ocorre em maio ou junho, começando 40 dias após o Domingo de Páscoa, coincidindo com o Dia da Ascensão.
O momento mais importante ocorre no chamado “domingo da Trindade”, quando milhares de pessoas sobem ao santuário acompanhadas de danças, música e profunda fé.
O que se vive durante a festividade?
Durante vários dias, comunidades quéchuas chegam de diferentes províncias para prestar homenagem ao Cristo da Rocha, uma imagem milagrosa que simboliza a união entre o divino e o natural. Muitos peregrinos, inclusive camponeses que voltam da cidade especialmente para o evento, participam de procissões, orações e rituais em quéchua e espanhol.
Os grupos de dançarinos, como os Qhapaq Qolla, Chunchus, K’achampas e Wayri Chunchus, enchem o caminho de cor, energia e tradição. Cada grupo representa uma “nação”, ou seja, uma comunidade de origem, com suas próprias danças e trajes.
Os Ukukus: guardiões da montanha
Um dos momentos mais simbólicos é a subida dos Ukukus ou “pablitos”, personagens mitológicos que representam o vínculo entre o ser humano e os apus (espíritos das montanhas). Eles sobem o nevado em silêncio, carregando cruzes e velas gigantes. No topo, realizam um antigo ritual de oferenda e agradecimento. Como prova de fé, enterram as mãos na neve.
Por que é tão importante?
A peregrinação ao Senhor de Qoyllur Riti não é apenas uma experiência religiosa, mas também cultural, emocional e natural.
Em 2011, foi declarada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO, por seu significado espiritual e valor como herança viva do povo andino.
Durante todo o mês
Atividades culturais são realizadas em praças, igrejas e comunidades vizinhas. Também é comum encontrar feiras artesanais, danças folclóricas e gastronomia típica.
Onde ir em Cusco em maio?
- Machu Picchu: Excelente época para visitar. Boa visibilidade e trilhas secas para caminhadas.
- Vale Sagrado: Ideal para conhecer vilarejos como Pisac, Ollantaytambo e Maras.
- Urubamba (23 de maio): Para viver a festa do Senhor de Torrechayoc.
- Ocongate / Sinakara (27 de maio): Para quem deseja uma experiência espiritual e cultural profunda com a peregrinação ao Qoyllurit’i.
- Centro histórico de Cusco: Igrejas, museus, mercados e ruas cheias de história, com celebrações religiosas ao longo do mês.
Perguntas frequentes sobre Cusco no mês de maio
Como é o clima em Cusco durante maio?
O clima é seco e ameno. As chuvas cessaram e os dias são ensolarados, com temperaturas de 18 a 21 °C durante o dia e de 3 a 7 °C à noite. Ideal para caminhadas e turismo.
Maio é uma boa época para visitar Cusco?
Sim! Maio é um dos melhores meses: clima agradável, menos turistas que em junho e muitas festas tradicionais que não se repetem em outras épocas do ano.
É recomendável visitar Machu Picchu em maio?
Com certeza. É um mês seco, com céu limpo e trilhas em boas condições. Além disso, a natureza está verde e vibrante graças às chuvas anteriores.
Quais festividades há em Cusco em maio?
As principais são:
- Cruz Velacuy (3 de maio)
- Senhor de Torrechayoc (23 de maio)
- Senhor de Qoyllurit’i (27 de maio)
E outras atividades culturais e religiosas em comunidades locais durante todo o mês.