Origem e história
A Festa de São João remonta ao século XVII, quando os missionários espanhóis nomearam São João Batista como santo patrono da Amazônia peruana. Esta festividade funde tradições católicas com rituais ancestrais amazônicos, criando uma celebração única que coincide com o solstício de inverno. Desde 2022, é feriado regional em San Martín, Loreto, Huánuco, Ucayali e Madre de Dios.
Data e celebração
A festividade é celebrada no dia 24 de junho, sendo a noite do dia 23 de junho conhecida como a “Noite de São João”. As comemorações se estendem durante toda a semana (21-27 de junho) com a Semana Turística de Iquitos, tornando esta data a celebração mais importante da Amazônia peruana.

Principais destinos
Iquitos (Loreto)
Centro neurálgico da festividade, com procissões multitudinárias no distrito de São João, música tradicional com bombos e tambores, concursos de artesanato e o famoso salto do shunto. Milhares de pessoas participam de atividades culturais e gastronômicas.
Moyobamba (San Martín)
Famosa pelo “Banho Bendito”, que começa às 4:00 da manhã do dia 24 de junho. Os moradores percorrem desde a Praça Principal (Plaza de Armas) até as Águas Termais de San Mateo, dançando a Pandilha Moyobambina em um concurso tradicional que atrai visitantes de toda a região.
Outros destinos importantes
Tarapoto, Pucallpa, Tingo María e Puerto Maldonado também celebram com danças típicas, rituais de purificação e festividades que incluem grandes artistas e orquestras reconhecidas do país.
O banho bendito
O ritual mais importante da festividade é o “banho bendito”, onde as comunidades se reúnem em massa em rios e corpos d’água desde a madrugada do dia 24 de junho. Segundo a crença popular, as águas são abençoadas por São João e proporcionam purificação, saúde, prosperidade e amor durante todo o ano. Este ritual simboliza a conexão sagrada com a água, elemento fundamental na cosmovisão amazônica.
Gastronomia: o juane

O juane é o prato emblemático da festividade, cujo origem remonta a épocas pré-hispânicas, quando os amazônicos envolviam alimentos em folhas para conservá-los durante longas viagens. Seu nome deriva de “huanar” (cozinhar envolto) e representa simbolicamente a cabeça de São João Batista.
O juane tradicional consiste em arroz temperado com especiarias, pedaços de galinha, ovos e azeitonas, tudo envolto em folhas de bijao e cozido no vapor. Existem variantes regionais como o juane de avispa (com carne de porco), juane de mandioca (com mandioca moída) e nina juane (somente ovo e frango), cada uma representando a diversidade culinária amazônica.
Tradições e atividades
Durante a festividade, realiza-se o trote matutino tradicional na madrugada do dia 24 de junho, seguido do banho ritual. As pandilhas amazônicas são danças em grupo onde os participantes dançam ao redor de uma palmeira adornada (umsha) que é derrubada a machetadas ao som de música tradicional.
A música inclui cumbia amazônica, huayno selvático e ritmos de tambores ancestrais. Concursos de artesanato, escultura em madeira, competições esportivas e feiras gastronômicas que exibem a riqueza cultural da região são organizados.
Experiência turística
Para chegar aos principais destinos amazônicos, é possível voar de Lima para Iquitos, Tarapoto ou Pucallpa em aproximadamente 1,5 horas. É recomendável vacinar-se contra a febre amarela, levar repelente contra mosquitos e roupas leves.
Os visitantes podem participar do banho bendito, degustar juanes em mercados locais, juntar-se às pandilhas tradicionais e visitar comunidades nativas. O turismo complementar inclui navegação pelo rio Amazonas, observação de golfinhos rosados e visitas a reservas naturais como Pacaya Samiria.